03 março 2011

Cycling Friendly Cities engels


This video presents a vision on the quality of cities through cycling and walking inclusive planning. The scenario for Cycling Friendly Cities came from Enrique Peñalosa, former mayor of Bogota, who used the Dutch and Danish policies for urban transport planning as a model to create a social model for his city . The video has been produced in the framework of the Locomotives program managed by I-CE Interface for Cycling Expertise
A I-CE é uma ONG internacional para a mobilidade de baixo custo e planejamento integrado do ciclismo.




A Guerra do Trânsito – Paulo Timm , especial para Vale 
Pedalando por um mundo mais respirável.(www.massacritica.com.br)
 Nós [os ciclistas] não atrapalhamos o trânsito: nós SOMOS (sic) o trânsito. (…) Chega da ditadura do automóvel. (Depoimento de um ciclista presente à Sul21.com)
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O incidente no qual 15 ciclistas do Movimento Massa Crítica, foram atropelados pelo motorista de um Gol preto na última sexta feira, dia 25, à noite, na boêmia Cidade Baixa, em Porto Alegre, teve repercussões nacionais. O motorista do Gol, Ricardo Neiss, 45 anos, servidor do Banco Central, que fugiu do local, apresentou-se à Polícia ontem e justificou-se. Teria sido agredido pelos manifestantes e, temeroso, perdeu o controle e investiu sobre os ciclistas. Uma testemunha, também motorista, que estava no local, logo atrás do carro agressor, confirmou o relato. Outras, porém, o desautorizam, com afirmações de que ele vinha pressionando os ciclistas, cortando com impaciência a fila dos carros, numa atitude ousada, afinal consumada no atropelamento.

A opinião pública nacional foi unânime em condenar o agressor e, em diversas cidades, já ocorreram manifestações em solidariedade aos ciclistas gaúchos.

Em Porto Alegre, porém, os ânimos estão divididos. Isto porque já há uma divisão da opinião pública sobre o bairro, considerado excessivamente permissivo para os conservadores hábitos gaúchos. Ali se reúnem jovens de todas as tribos, intelectuais de esquerda, GLSs, transformando a área num verdadeiro território livre. Conservadores se incomodam com isto e, não raro, ultrapassam o limite do tolerável e despencam para a grosseria e para o preconceito. A esquerda, pelo contrário, convive com esse que foi durante muitos anos seu próprio meio de reprodução: o underground...A Cidade Baixa reedita, enfim, com algumas décadas de atraso o Greenvich Village, de New York, dando à nossa capital madrugadas menos provincianas. Aí o inevitável: Onde há grande cidade, há cidadania; onde há cidadão, há senso crítico; onde há senso crítico se abre o espaço para o espanto, que tudo questiona .

Há 40 ou 50 anos este clima ficava restrito ao Centro Acadêmico Franklin Delano Roosevelt, da Faculdade de Filosofia, onde pontificávamos do alto da nossa iconoclastia , eu, o desengonçado J.Pingo, hoje ator e diretor de Teatro, assessorado pelo Joacyr Tadeu Nascimento Medeiros, da Física, o “Baixo”, o Benício Schimdt, a Mercedes Loguercio, o Flavio Koutzii, o infante Che Pontão, e outros recém chegados como Sérgius Gonzaga e tantos que não me lembro o nome, todos misturados aos conchavos dos dois principais grupos que dominavam a política estudantil (canalha canônica- AP x patifes materialistas-Partidão) disputando quem (?) deveria ser o candidato ao Diretório Estadual de Estudantes: Clóvis Grivot, do Direito, Paulo Bicca, da Arquitetura, André Foster, das C.Sociais, Gilberto Bossle, do Direito.Hoje, felizmente, a subversão de idéias e costumes, estendeu-se à cidade toda e tem na Cidade Baixa um ponto de referência. Pois foi exatamente neste ambiente polivalente e etéreo, carregado de maneirismos e péssimas intenções , que o Massa Crítica se concentrou para sua manifestação. Onde deveria ser? No Iguatemi...? Deveria ter tirado Licença Prévia? Talvez...? Deveria ser mais complacentes com o motoristas que por ali passavam? Talvez...? Mas nada justifica a atitude do Senhor Ricardo Neiss, a não ser sua falta de coragem para enfrentar eventuais dissabores, até ameaças. Se tivesse uma arma, teria atirado e talvez morto um ou dois ciclistas. Porque é um assassino? Certamente não. Tem emprego fixo, um curso superior, a pele branca, o gênero dominante, é atlético, tudo enfim, que o credencia à prepotência social. Mas é um covarde. Preferiu, covardemente, usar o carro como arma, defendendo-se na carenagem como armadura. Um templário destemperado numa noite abafada de verão, sem nenhuma compreensão do seu tempo. Certamente, nunca leu o Código de Trânsito. Aí descobriria que bicicleta é tão veículo quanto qualquer automóvel. O que aliás, impõe aos ciclistas e ao Massa Crítica - e tantos outros movimentos de defesa do ciclismo- que não só reprovem o covarde ato, mas que o tomem como uma reflexão interna. É uma oportunidade para fazerem com que todo o menino e menina que ganham a primeira bicicleta, tomem o fato, não só no seu sentido lúdico, mas como um ritual de passagem de pedestre para condutor, acompanhado do Código de Trânsito. Como um ato revestido de grande senso de responsabilidade. Pois não só tenho conhecimento de inúmeras vitimas de bicicletas em calçadas, como eu mesmo, já deixei de frequentar vários parques de medo dos velocípedes serpenteando entre idosos e crianças a velocidades incríveis.

Valha o bom senso, para todos. E o peso da Justiça sobre o Senhor Ricardo Neiss.